A minha crónica em A Barca.
Vivemos em tempo de interlúdio. O país – governado à esquerda ou à
direita – não possui os mecanismos necessários para a resolução dos problemas
que atravessam a economia portuguesa. Esses mecanismos foram hipotecados pela
adesão ao Euro. Uma das soluções seria a saída da moeda única, mas essa é uma
aventura cujas consequências são imprevisíveis. Na verdade, todas as forças
políticas estão convictas de que fora do espartilho do Euro seria mais fácil
pôr a economia a crescer, mas nenhuma está disposta a arriscar uma saída
unilateral e a arcar com o ónus de um possível apocalipse social.
Para além da retórica política e dos floreados parlamentares, toda a
gente está à espera. Espera que o Euro se reforme – uma possibilidade improvável
tendo em conta a posição alemã – ou que, por um qualquer acidente político,
acabe. Até lá tratam-se de questões de mercearia, que foi aquilo que o governo
anterior fez, roubando no peso, e é aquilo que o actual está a fazer, sendo
generoso com os fregueses. Esta situação de impasse não deixa, porém, de ser
perigosa. Independentemente da orientação política do governo, o que ela nos
mostra é a fragilidade de Portugal.
A Europa e o Euro foram a saída encontrada por um país periférico e de
escassos recursos. Agora descobrimos que estamos presos e que pela frente só
parece haver duas possibilidades: ou esta dependência passiva sem fim à vista
do Euro, que nos torna impotentes, ou esperar a implosão do projecto europeu, o
que nos libertaria das grilhetas da moeda única, mas que nos confrontaria com o
desconhecido. Na verdade, Portugal não está preparado nem para continuar no
Euro nem para enfrentar a implosão do Euro e da própria Europa. Portugal
espera. Espera porque não sabe o que fazer. E esta é a pior das atitudes que um
país pode ter.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.