Luís Noronha da Costa, Deus morreu: Morte ao rei, C. 1971-1975 |
A
paisagem sombria, feita de matérias imponderáveis, não facilitava a caminhada.
A falta de resistência, estranhamente, retardava o movimento do corpo e agravava
o esforço exigido aos músculos para se moverem. Ela, uma beleza singular e
resplandecente, dirigia-se para mim com decisão, uma sombra que me fazia arder
de desejo. Imaginava-a despida, o contorno do corpo, a firmeza dos seios, as
pernas magníficas sob o império dos meus dedos. Quando se aproximou, vi que a seguia
outra sombra mais pequena. Não a devias ter trazido contigo, gritei. Ela,
porém, passou pelo meu corpo como se fossa um holograma. Acordei sobressaltado
e nos meus ouvidos ressoava ainda a sua resposta: esta é a tua morte, trata-a
como se fosse filha tua.
Muito bom.
ResponderEliminarAbraço
Obrigado.
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