Berthe Morisot - The Cherry Tree (1893)
São focas em combate as nuvens que vejo pelos céus. Correm, saltam,
estilhaçam-se sob o império do vento. Pássaros inquietos voam na largura do
horizonte, procuram os telhados onde fizeram ninho, aves citadinas habituadas
ao rumor trânsito, ao fumo dos escapes. Temem o silêncio dos campos, o pó da
terra, o excesso de erva pelo chão. Focas e pássaros lutam, agora, pelo domínio
dos ares, enquanto o sol declina e as gentes se perdem nas ruas a caminho da melancolia
da noite. Num pequeno quintal, uma cerejeira abre os ramos, dedos estendidos ao
que neles poisa. De súbito, um pequeno tremor. Um pássaro que poisa? Uma cereja
que cai? Não, apenas uma folha cansada que no chão adormece. (averomundo, 2008/05/23, revisto)
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