Edward Moran - Unveiling The Statue of Liberty (1886)
As declarações do senhor Schäuble em defesa das políticas do anterior governo e de ataque às do actual são importantes, muito importantes. Não pelo seu conteúdo, o qual está sujeito à controvérsia das sociedades democráticas, mas pelo facto de terem sido proferidas por quem foram. Se fossem proferidas por Passos Coelho ou por Assunção Cristas seriam absolutamente aceitáveis. Se fossem a opinião de um qualquer cidadão alemão, não haveria nisso qualquer problema. Seriam controversas, mas fariam parte do jogo político O senhor Wolfgang Schäuble não é uma pessoa qualquer. É membro de um governo de um país parceiro na União Europeia. Manda o decoro que os dirigentes políticos não se intrometam na vida política de outros países, mas Schäuble há muito que perdeu o sentido do decoro político. Esta nova intervenção do ministro alemão das finanças mostra duas coisas. Em primeiro lugar, que o respeito pela democracia é cada vez menor entre as elites políticas europeias, fundamentalmente as do Partido Popular Europeu. Em segundo lugar, torna evidente que a Alemanha se acha no direito de intervir publicamente na política de outro Estado, opinando sobre aquilo que diz respeito à vida interna de outro país. Note-se bem que o problema não está no conteúdo do que é dito, uns acharão que é verdade e outras acharão o contrário, mas no facto de ter sido dito por quem deveria estar calado. O senhor Schäuble é um especialista em lançar o fogo. Parece que o objectivo, com estas intervenções neocoloniais, é, para além de condicionar a política interna de terceiros, incendiar a Europa.
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