George Seurat - Mulher sentado num prado (1882)
17. Arde em ti uma palavra rasgada
Arde em ti uma
palavra rasgada
no umbral anónimo
da noite.
Um punhal, uma espada
incendiada,
o silêncio cru na
casa da morte.
A duração eterna e
sanguínea,
o leve crepitar
do sal na lareira,
a noite rosada e
fria de uma fêmea
a crescer nos
dedos ao silvo da fogueira.
Árvores de
palavras no horizonte,
onde pássaros
azuis e tardios
colhem água na
sombra da fonte.
Um punhal, uma
palavra incendiada,
uma névoa oval de
pássaros esguios
abertos à morte, ao rumor da madrugada.
(Rumores de Maio, 1977)
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