O princípio republicano – hoje enunciado pelo Presidente da República –
de que o poder político não pertence a ninguém é a razão pela qual sou
republicano. Essa é a minha identidade política mais funda, mais do que a inclinação
à esquerda. No 5 de Outubro não se comemora apenas o fim de um regime, o monárquico,
e o começo de outro, o republicano. Assinala-se, como salientou Marcelo Rebelo
de Sousa, a transitoriedade do poder e o facto desse poder – mesmo que seja o
da mera representação – não ser exclusividade de ninguém ou de nenhuma família.
O povo dá o poder, o povo o retira, segundo regras escritas, conhecidas por
todos. Isto é o mais razoável. E esta razoabilidade é, para mim, o mais
importante. Que o anterior governo tenha acabado com o feriado do 5 de Outubro
diz muito sobre esse governo e sobre os princípios que o orientavam. Na
verdade, esse acto, mascarado com motivações económicas, torna manifestos certos anseios que percorrem, ainda agora, parte da direita portuguesa. Hoje foi um 5 de Outubro normal. Comemorado no
próprio dia, por um Presidente da República que não tem vergonha de ser
republicano.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.