quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Um 5 de Outubro normal


O princípio republicano – hoje enunciado pelo Presidente da República – de que o poder político não pertence a ninguém é a razão pela qual sou republicano. Essa é a minha identidade política mais funda, mais do que a inclinação à esquerda. No 5 de Outubro não se comemora apenas o fim de um regime, o monárquico, e o começo de outro, o republicano. Assinala-se, como salientou Marcelo Rebelo de Sousa, a transitoriedade do poder e o facto desse poder – mesmo que seja o da mera representação – não ser exclusividade de ninguém ou de nenhuma família. O povo dá o poder, o povo o retira, segundo regras escritas, conhecidas por todos. Isto é o mais razoável. E esta razoabilidade é, para mim, o mais importante. Que o anterior governo tenha acabado com o feriado do 5 de Outubro diz muito sobre esse governo e sobre os princípios que o orientavam. Na verdade, esse acto, mascarado com motivações económicas, torna manifestos certos anseios que percorrem, ainda agora, parte da direita portuguesa.  Hoje foi um 5 de Outubro normal. Comemorado no próprio dia, por um Presidente da República que não tem vergonha de ser republicano.

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