Nicolas Poussin - The dance to the music of time (1640)
O Público noticia que um estudo do blogger da área da educação, Alexandre Henriques, do ComRegras, mostra que os alunos de seis anos - primeiro ano de escolaridade - têm uma carga horária superior aos aluno do 12.º ano. O autor chama ainda a atenção para o facto dos alunos de 3.º e 4.º anos de escolaridade serem aqueles que possuem a maior carga lectiva de toda a escolaridade obrigatória. O que se passa com as cargas horárias exorbitantes dos alunos, em especial os do primeiro ciclo, é apenas um exemplo de como se resolvem os problemas neste país.
Os alunos não aprendem o que devem aprender. Então, em vez de se melhorarem os métodos de trabalho e a sua eficácia, obrigam-se as crianças a ficar mais tempo na escola. O trabalho nas empresas tem baixo rendimento, então aumentam-se os horários de trabalho. Esta tendência do sul da Europa, com grande destaque para Portugal, é um dos abusos mais cruéis que se fazem sobre as pessoas. O tempo é o bem mais precioso que cada um tem. A forma como esse tempo é gerido deveria ser um critério decisivo da qualidade das instituições públicas ou das empresas privadas. Abusar do tempo dos outros, como é o caso dos múltiplos ministérios da educação que temos tido, ou permitir que as empresas abusem é premiar a incompetência.
Quem não sabe organizar as aprendizagens ou quem não sabe organizar o trabalho recebe o prémio de poder ter à sua disposição o tempo dos outros, obrigá-los a desperdiçar, devido à incapacidade dos responsáveis, o bem mais precioso que cada um de nós recebeu ao nascer. O que acontece com as crianças em Portugal é um abuso absurdo. Como são absurdas as cargas horárias que são impostas por muitas empresas que, de forma mais ou menos encapotada, ocultam a sua incapacidade e gestão através do abuso do tempo dos seus trabalhadores. As pessoas precisam de trabalhar e de aprender, mas isso não significa que tenham de dedicar grande parte da sua vida a fazer tarefas que foram mal planeadas e mal organizadas. Abusar do tempo dos outros deveria ser visto como um ataque inaceitável aos direitos humanos.
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