Rafaello - Scuola di Atene
Um dos mitos mais persistentes é o do efeito da educação na percepção da realidade. Os artigos de Paul Krugman e de Chris Mooney mostram que não é bem assim. Parece existir uma predisposição prévia à educação que se manterá e reforçará com esta. Os conservadores quanto mais educados são mais tendência têm para negar os factos e a informação científica. A educação da razão parece não ser canalizada para lidar criticamente com a informação, mas para reforçar a capacidade argumentativa em defesa de crenças que não suportam o mínimo confronto com os factos e a investigação, em crenças irracionais.
Parece também que, no pólo oposto do espectro político, quanto mais educado se é melhor se aceitam os factos e a informação proveniente da ciência. Seria uma ilusão, todavia, julgar que a esquerda teria uma vantagem sobre os conservadores pelo facto de, na sua maioria, estar mais atenta à realidade. O debate político e as concomitantes decisões não são tomadas à luz de uma busca da verdade. Esta é o ideal regulador da ciência e da filosofia, não da política. As crenças políticas - pelo menos parte substancial delas - fundam-se em estratos pré-racionais. O papel da razão, neste caso, não é o de apurar a verdade dessas crenças, mas torná-las verosímeis e aceitáveis para o auditório.
O debate político, numa democracia, não tem por finalidade chegar à verdade que pode sustentar as decisões, nem se dirige a esclarecer os que pensam de forma diferente. O debate não é, mesmo em democracia, o ideal regulador da actividade política. O ideal do esclarecimento do Iluminismo e da filosofia kantiana não possui nenhuma eficácia substantiva. O que regula a política é a vontade de poder, a conquista e manutenção do poder, como percebeu Maquiavel. O debate político é apenas o prolongamento da tolerância religiosa, a transferência de uma atitude de indiferença perante a crença do outro da esfera religiosa para a esfera política. A importância do debate não reside no esclarecimento. Centra-se na condescendência perante as opiniões da outra parte.
O conceito de condescendência tem aqui um papel fulcral. No debate político, as partes condescendem que as outras possam exprimir-se, embora não atribuam qualquer mérito ao que o outro possa dizer. O debate político é uma regra de civilidade e não um processo de chegar à verdade e muito menos uma forma de esclarecimento das opiniões em confronto ou de formação da decisão política. Quando, aparentemente, se escuta o outro, isso não é feito porque ele esteja na verdade, mas porque é, do ponto de vista dos interesses próprios, útil.
Parece também que, no pólo oposto do espectro político, quanto mais educado se é melhor se aceitam os factos e a informação proveniente da ciência. Seria uma ilusão, todavia, julgar que a esquerda teria uma vantagem sobre os conservadores pelo facto de, na sua maioria, estar mais atenta à realidade. O debate político e as concomitantes decisões não são tomadas à luz de uma busca da verdade. Esta é o ideal regulador da ciência e da filosofia, não da política. As crenças políticas - pelo menos parte substancial delas - fundam-se em estratos pré-racionais. O papel da razão, neste caso, não é o de apurar a verdade dessas crenças, mas torná-las verosímeis e aceitáveis para o auditório.
O debate político, numa democracia, não tem por finalidade chegar à verdade que pode sustentar as decisões, nem se dirige a esclarecer os que pensam de forma diferente. O debate não é, mesmo em democracia, o ideal regulador da actividade política. O ideal do esclarecimento do Iluminismo e da filosofia kantiana não possui nenhuma eficácia substantiva. O que regula a política é a vontade de poder, a conquista e manutenção do poder, como percebeu Maquiavel. O debate político é apenas o prolongamento da tolerância religiosa, a transferência de uma atitude de indiferença perante a crença do outro da esfera religiosa para a esfera política. A importância do debate não reside no esclarecimento. Centra-se na condescendência perante as opiniões da outra parte.
O conceito de condescendência tem aqui um papel fulcral. No debate político, as partes condescendem que as outras possam exprimir-se, embora não atribuam qualquer mérito ao que o outro possa dizer. O debate político é uma regra de civilidade e não um processo de chegar à verdade e muito menos uma forma de esclarecimento das opiniões em confronto ou de formação da decisão política. Quando, aparentemente, se escuta o outro, isso não é feito porque ele esteja na verdade, mas porque é, do ponto de vista dos interesses próprios, útil.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.