sexta-feira, 6 de abril de 2012

Poema 36 - Sexta-feira de Paixão


O cordame vazio, expurgado de tentações,
As ruelas ávidas de água e calor.
O brilho que assim nasce, ofusca-te,
Rasga paredes por onde entrarás,
Anuncia-te no requebrado vapor da primavera.

Que interesse tem agora o futuro,
A cruz eterna onde penduras o presente?
Tudo se torna um segredo
Para quem se entrega à lassidão da cegueira.
Cresço para dentro dos teus olhos,

Mas eles são estátuas de pedra e bronze,
Presos na fina pele do horizonte.
Se te abandonaram à tua sorte,
Por que buscas entre os homens um ofício,
A negra flor que te abre para a perdição?

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