Foto daqui.
Leio todos
os discursos do Papa. Se continua assim, voltarei a rezar e voltarei à Igreja,
e não o digo em tom de brincadeira. Ainda que seja membro do partido comunista,
que não admitia crentes... (Raul Castro, no encontro com o Papa Francisco)
Duas ilusões estiveram na base de um afastamento entre a Igreja Católica e os movimentos operários de orientação comunista. Por um lado, a ilusão marxista da cientificidade do materialismo dialéctico e uma concomitante concepção da religião como visão invertida do mundo (a célebre metáfora da ideologia). Da parte da Igreja Católica, a crença persistente - que ainda não se desfez em certos sectores - de que a sociedade reinante no Antigo Regime, com a sua divisão de castas, era a sociedade cristã por excelência. Esta dupla ilusão afastou - e tornou inimigos - aqueles que tinham todas as condições para terem boas e cordiais relações.
Os comunistas aprenderam amargamente, com a derrota do Bloco de Leste na Europa, que a sua visão científica da sociedade - com o ateísmo militante - valia rigorosamente nada. Também a Igreja está aprender, de forma mais dolorosa do que transparece, que o seu território de eleição não são os ricos e poderosos, os senhores deste mundo. Os dois lados, apesar das ilusões que os atingiram, possuem, ainda que com diferenças, uma concepção moral do mundo onde o homem é valorizado e salvaguardado da visão utilitarista dominante nos regimes liberais. Há muito que havia condições objectivas para que este encontro se desse. Agora que ele está a dar-se, desconfiamos ser um encontro tardio.
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