Karel Masek - A primavera (1903)
De certa maneira, o primeiro-ministo turco, Recep Erdogan, tem razão ao afirmar que não há primavera turca. O que se passa é que os manifestantes não querem que a Turquia se torne numa espécie de Irão e entre num tenebroso inverno. A primavera turca foi há muito. O problema está no governo pró-islamização e nas recentes medidas políticas que visam pôr em causa a natureza laica da sociedade. Que haja esta força cívica para defender uma sociedade laica - e uma sociedade laica não é irreligiosa mas separa a política da religião - é um bom sintoma neste pesado inverno do nosso descontentamento. Nas ruas, ao defender aquilo que foi o motor da Europa moderna, os cidadão turcos estão a mostrar que são mais europeus do que muitos europeus.
Pelo rumo que Turquia tem seguido nos últimos anos, o grego Mustafa Kemal Ataturk , certamente que anda às voltas na Tumba, a inspirar a “Primavera” e, se lá estivesse, seria capaz de lançar um fósforo no Bósforo...
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O que está em jogo na Turquia, desde há uns anos, é muito interessante. O kemalismo é uma tentativa de introduzir o iluminismo no mundo muçulmano. O que se está a passar, com a actual governação turca, é um desafio claro aos princípios iluministas de Kemal Ataturk. Veremos se o Islão e Iluminismo são compatíveis ou, na verdade, o kemalismo não passou de uma ilusão, ainda que relativamente duradoura.
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Muito interessante. Também estou para escrever algo sobre a Turquia, país que visitei e de que gostei muito. A primavera turca foi há muito - bela frase e grande verdade. Ataturk esteve à frente do seu tempo. E acreditemos que, na Turquia, há muita gente de espírito primaveril... por isso acredito no futuro - laico - deste belíssimo país. Crossing my fingers. :)
ResponderEliminarA Turquia merece por muitas razões a nossa atenção. O que acontecer lá poderá definir os limites das transformações no mundo islâmico. Um regime religioso, a intromissão do governo no modo de vida dos cidadãos - como está a acontecer -, uma aproximação à Sharia, tudo isso seria uma derrota para aqueles que nos outros países islâmicos se esforçam para chegar à separação entre o Estado e a Religião.
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