segunda-feira, 10 de junho de 2013

Um país moribundo

Jesús de Perceval - Moribundo (1943)

Quando um Presidente da República aponta como apostas para o país, depois do massacre da troika, o património e a agricultura, a única coisa que podemos constatar é que o país está moribundo. O interesse pelo património é uma coisa louvável, certamente. O desenvolvimento da agricultura é importante. Um país não é viável, todavia, a não ser que se aposte numa população miserável, se o seu futuro estiver dependente do património e da agricultura.

O grave não está em Cavaco Silva dizer banalidades com pouco nexo. Estamos habituados. O grave é que esta declaração do Presidente da República é a confissão de uma impotência. Já não há apostas no conhecimento, no valor acrescentado pelo design, na criatividade. A indústria foi entregue ao leste da Europa e aos tigres (ou mesmo gatos) asiáticos, se ela possui pouco valor acrescentado. Se ela exige alta tecnologia, as grandes potências, como a Alemanha, preferem levar os engenheiros portugueses do que abrir mão do seu domínio tecnológico. Resta-nos, o património e o retorno, como o impôs Salazar, aos campos. Um país moribundo.

6 comentários:

  1. Não se esqueça caro senhor que foi a destruição do sector primário que nos levou ao lugar em que estamos ou será que a nossa industria e serviços nos vão dar de comer a todos?
    Sem sector primário não existe futuro.

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    1. Caro Fernando Maria, não esqueci a importância do sector primário. Por isso escrevi: "O desenvolvimento da agricultura é importante." Mas todos sabemos que o peso, nas sociedades modernas, da agricultura no PIB é sempre muito diminuto. Um país que dependa apenas da agricultura é um país paupérrimo. Nos países desenvolvidos, com uma agricultura muito avançada, o peso desta no PIB é sempre pequeno e ainda mais diminuta é a ocupação da população nesse sector. Isto é bom para os agricultores que, sendo poucos, podem ter bons rendimentos. Imaginemos o que seria Portugal se 50% da população vivesse da agricultura?

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  2. Nada é inocente, estas declarações abrem ainda mais espaço para que a Monsanto entre por aqui adentro, patenteie as nossas sementes, impinja pesticidas, herbicidas e sementes geneticamente modificadas, prometendo lucros ( crescimento acelerado, resistências, etc..) e depois crie um país de pobres que contribuem para o lucro milionário de destruidores da terra.
    (note-se : isto não é teoria da conspiração, é a realidade)
    E quanto ao Património, conheço bem a visão estática desta gente, património são monumentos, nada de cultura em acção.
    Aceite os votos de um bom dia.

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    1. Talvez não haja inocência, mas isso não sei. O que há, certamente, é a banalidade e a ausência de qualquer perspectiva para sair do buraco onde o país está metido. Quanto ao património, sabe-se bem são incapazes de ultrapassar o mais rudimentar monumentalismo, digamos assim. E mesmo nesses casos...

      Um bom dia.

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  3. Vamos pois voltar à terra e o Cavaco desempenha bem o papel de chefe dos coveiros.

    Abraço

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    1. No fundo, desde que se iniciou na política como ministro das finanças de Sá Carneiro, Cavaco tem sido um coveiro do país, o chefe dos coveiros, como diz.

      Abraço

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