Giorgio de Chirico - O trovador (1950)
68. Traz o trovador a trova no silêncio do olhar
Traz o trovador a trova no silêncio do olhar,
a fina linha de seda sob a escuridão,
o esmalte onde passado e futuro sucumbem,
a linha mercurial do presente.
Canta, velho aedo, a palavra feita presença
e dissolve com as tuas rimas a música
que ao passar as horas compõem
na fronteira imponderável de uma canção.
Grande coleccionador de silêncios azuis,o esmalte onde passado e futuro sucumbem,
a linha mercurial do presente.
Canta, velho aedo, a palavra feita presença
e dissolve com as tuas rimas a música
que ao passar as horas compõem
na fronteira imponderável de uma canção.
deixa que as tuas narinas respirem
todo o verde que floresce na voz marítima
de um barco azedo sobre o alto mar.
Velho usurpador coberto de poeira,
difíceis são os teus dias sobre a terra.
A servidão de atar os nós do tempo
em palavras ociosas presas na esquina
onde, em sobressalto, passado e futuro
se abraçam, campânulas de fogo,
lábios de carne em ebulição,
a dança do escorpião cansado de rosas.
Esta desordem sem ordem que te habita,
o não que cresce em cada palavra,
o sangue vermelho tão tinto de sangue -
como podes trazer o mundo aos ombros?
Belíssimo!
ResponderEliminarQue melhor do que o vermelho -apesar do sangue- para terminar uma liturgia em forma de trova?
Abraço
Apesar do sangue, o vermelho não deixa de inflamar os corações. Obrigado, JRD
EliminarAbraço