quarta-feira, 12 de junho de 2013

Uma rua de Paris

Maximilien Luce - Una calle de París en Mayo de 1871 (1903-5)

Provavelmente, este quadro de Maximilien Luce é uma memória. Os acontecimentos retratados, a chamada Comuna de Paris, ocorrerem entre 28 de Março e 28 de Maio de 1871, tinha o pintor treze anos. Uma memória forte. Dois acontecimentos conduziram à Comuna de Paris, a derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana e o descontentamento dos trabalhadores com a sua situação. Mas deixemos as causas do acontecimento e fixemo-nos nas imagens. São as imagens que melhor nos falam e nos explicam a razão para construir sociedades equilibradas e com amplas classes médias. Querem os dirigentes europeus voltar aos tempos em que as revoltas populares terminavam com mortos espalhados pelas ruas? Dir-se-á que estamos muito longe disso. Será que a Grécia estará assim tão longe? Há 20 anos, quem diria, no meio da esperança de então, que uma onda de profundo descontentamento popular varreria toda a Europa do sul? Se a Europa não mudar de rumo, se não for restabelecido o pacto social-democrata que vigorou até há pouco, preparemo-nos então para os dias de revolta e de terror, que se manifestam já aqui e ali. São imagens destas que os dirigentes europeus querem ver de novo nas ruas das nossas cidades?

6 comentários:

  1. E tal como agora, os parlamentares de então não hesitaram em suportar o pedido ajuda à Prússia vitoriosa, para esmagar a rebelião dos "Comunards".

    Abraço

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    1. Esta coisa do patriotismo tem que se lhe diga. Quando se trata de conflitos de classe o patriotismo torna-se logo muito maleável.

      Abraço

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  2. Quando Samuel Johnson, autor inglês do século XVIII, defendeu que o patriotismo era o último refúgio de um canalha, sabia perfeitamente de que tipo de gente estava a falar.

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  3. Hoje, como então, morrer na rua, pode ter diversas formas, ficar sem trabalho, não ter casa, ser impotente perante um estado exigente e ao mesmo tempo negligente, é uma forma de morte, deixar de pertencer ao tecido social, passar a pertencer ao esburacado social, são formas de assassinato, onde o sangue não jorra porque os corpos se vão esvaindo para dentro.
    E sim, os dirigentes estão dispostos a permitir que tombem todos aqueles que forem precisos para que o seu reinado se mantenha.
    Bom Dia

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