domingo, 16 de junho de 2013

Poema 70 - Eis os dias de azedume, o sombrio tempo

Edward Burne Jones - Noite (1870)

70. Eis os dias de azedume, o sombrio tempo

Eis os dias de azedume, o sombrio tempo
em que se desmorona a vida plácida,
a hora em que o sossego se desfaz,
e tudo se incendeia na praça pública.

Vejo jardins ardidos, devastados
pelos negros corcéis da desrazão.
Vejo ruínas onde antes se erguia,
transfigurada, a casa da manhã.

Noite, noite, terrível e funesta
deusa, deixa dormir o teu império.
Devolve aos mortais a pouca luz

que sustenta o sombrio e duro inverno.
Vai-te, leva contigo os dias azedos.
Que volte pura a luz da madrugada.

4 comentários:

  1. Talvez fechando os olhos a encontremos dentro de nós. Tirando isso não sei onde esteja, por estes tempos de névoa e chumbo, a luz da madrugada.

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  2. "Dies Irae".

    É precisa aquela clara madrugada...

    Abraço

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