Karl Weschke - Fear (1948)
Espalhar o medo entre as populações ocidentais é o objectivo táctico principal, no que se refere à Europa, do terrorismo islâmico. O medo lança a incerteza e a angústia entre as pessoas e, fundamentalmente, leva-as a desistir do seu próprio modo de vida, isto é, põe em causa a vida normal. Decisões até há pouco tempo inócuas - por exemplo, uma viagem - são agora ponderadas, por muita gente, a partir da ameaça terrorista. Duas notícias de ontem, onde o medo é o elemento central, merecem alguma atenção.
A primeira diz respeito ao atentado, em Charleroi, Bélgica, contra duas polícias belgas. Elas não morreram, ao contrário do atacante. Contudo, este tipo de atentados de baixa intensidade tem um enorme potencial para espalhar o medo, pois não necessita nem de grande preparação nem de meios técnicos que não estejam à mão de qualquer um. Se eles proliferarem, deixarão de poder ser considerados, como ainda parecem ser, questões de mera segurança interna, para se tornarem num dos elementos centrais do terrorismo em solo ocidental, uma forma de pôr em causa a vida normal.
A segunda notícia refere que as autoridades de Lille, França, anularam a edição deste ano da Braderie, a grande feira da ladra, no primeiro fim-de-semana de Setembro, que atrai ao centro da cidade cerca de 2 milhões de pessoas. Razões de segurança, o medo de um ataque terrorista. E este é apenas mais um evento que é anulado. A prudência manda agir assim, mas esta mesma prudência é a confissão de uma derrota e de uma desistência daquilo que é a vida normal.
As organizações terroristas não visam, neste momento e na Europa, um confronto militar com o Ocidente. Conhecem o enorme diferencial militar e tecnológico. Mas têm também uma perspectiva histórica, que recusamos a reconhecer e a reconhecer-lhes. Desarticular a vida normal, por incipiente que pareça ser do ponto de vista militar, pode ser o começo de algo que é pensado a longo prazo, algo que ultrapassa as gerações. O medo que se pretende espalhar não quer derrotar agora o inimigo, deseja apenas começar a prepará-lo para ser derrotável num futuro mais ou menos longínquo. A vida normal é, nesta hora, o bem político e estratégico mais importante, e é essa vida normal, que o medo desarticula, que esperamos ver defendida, custe o que custar.
A primeira diz respeito ao atentado, em Charleroi, Bélgica, contra duas polícias belgas. Elas não morreram, ao contrário do atacante. Contudo, este tipo de atentados de baixa intensidade tem um enorme potencial para espalhar o medo, pois não necessita nem de grande preparação nem de meios técnicos que não estejam à mão de qualquer um. Se eles proliferarem, deixarão de poder ser considerados, como ainda parecem ser, questões de mera segurança interna, para se tornarem num dos elementos centrais do terrorismo em solo ocidental, uma forma de pôr em causa a vida normal.
A segunda notícia refere que as autoridades de Lille, França, anularam a edição deste ano da Braderie, a grande feira da ladra, no primeiro fim-de-semana de Setembro, que atrai ao centro da cidade cerca de 2 milhões de pessoas. Razões de segurança, o medo de um ataque terrorista. E este é apenas mais um evento que é anulado. A prudência manda agir assim, mas esta mesma prudência é a confissão de uma derrota e de uma desistência daquilo que é a vida normal.
As organizações terroristas não visam, neste momento e na Europa, um confronto militar com o Ocidente. Conhecem o enorme diferencial militar e tecnológico. Mas têm também uma perspectiva histórica, que recusamos a reconhecer e a reconhecer-lhes. Desarticular a vida normal, por incipiente que pareça ser do ponto de vista militar, pode ser o começo de algo que é pensado a longo prazo, algo que ultrapassa as gerações. O medo que se pretende espalhar não quer derrotar agora o inimigo, deseja apenas começar a prepará-lo para ser derrotável num futuro mais ou menos longínquo. A vida normal é, nesta hora, o bem político e estratégico mais importante, e é essa vida normal, que o medo desarticula, que esperamos ver defendida, custe o que custar.
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