A minha crónica no Jornal Torrejano.
Agosto está a terminar, a vida política vai voltar à ribalta. No centro das preocupações e debates vai estar o orçamento de Estado para 2017. Nada indica que a actual maioria de apoio ao governo se desentenda e dê origem a uma crise política. Há, todavia, qualquer coisa que merece ser pensada. Tem a ver com a origem da própria maioria. Não é um problema de legitimidade ou de moralidade. O governo não é apenas legítimo como é moralmente aceitável, pois depende da vontade da maioria dos portugueses. O problema está em que esta maioria é meramente defensiva. Foi construída para evitar a galopante ofensiva social e económica, trazida pela governação de direita, contra grande parte da população.
Agosto está a terminar, a vida política vai voltar à ribalta. No centro das preocupações e debates vai estar o orçamento de Estado para 2017. Nada indica que a actual maioria de apoio ao governo se desentenda e dê origem a uma crise política. Há, todavia, qualquer coisa que merece ser pensada. Tem a ver com a origem da própria maioria. Não é um problema de legitimidade ou de moralidade. O governo não é apenas legítimo como é moralmente aceitável, pois depende da vontade da maioria dos portugueses. O problema está em que esta maioria é meramente defensiva. Foi construída para evitar a galopante ofensiva social e económica, trazida pela governação de direita, contra grande parte da população.
Suster essa ofensiva é virtuoso, mas corre-se o risco de ser insuficiente,
muito insuficiente. O problema é que o país parece não conseguir acordar do
torpor em que mergulhou com a crise do défice. Apesar de alguns dados
positivos, o desenvolvimento da economia é anémico. Não é apenas esta anemia
que é motivo de preocupação. É a sensação de que se está perante uma gestão ad-hoc e não uma visão global que torne
claro para onde, nas actuais circunstâncias, se pretende levar o país. Está
tudo à espera que o tempo passe para que se possa voltar às relações políticas
antes da actual experiência governativa. Uns governam (o PS e/ou a direita),
outros são de oposição eterna (PC e, agora menos, o BE).
O provável, todavia, é que se trate de um equívoco, que não haja
retorno possível ao passado. Isto significa que a esquerda tem de ser mais do
que uma força defensiva. Ela tem uma responsabilidade não só perante os seus
eleitores como perante o país. A esquerda tem de dar respostas efectivas tanto
à anemia económica como à organização do Estado. Tem que se comprometer com o
futuro do país. Nas basta repor as 35 horas e os salários na função pública ou
fazer um conjunto de patetices sem nexo na educação. São precisas respostas e
essas respostas têm de ser dadas no quadro institucional em que nos movemos.
Como é que, tendo em conta os compromissos europeus do país e a sua situação
económica, se pode dar um rumo diferente daquele que a direita deu e pretende
dar? Esta questão divide os diversos partidos da esquerda, mas será melhor que
cheguem a um acordo sensato (traduzido na presença de todos no governo), antes
que os eleitores mudem de humor e entreguem de novo a governação à direita. É
tempo da esquerda olhar a realidade.
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