François Maréchal - Corrupción (1977)
Um relatório da Organização Transparência Internacional mostra que os elevados défices públicos dos países europeus têm correlação com o grau de corrupção existente na vida pública. Portugal é um dos piores casos. O que nos mostra este relatório? Ele torna manifesto o grau de degradação a que chegaram as elites políticas nacionais. Evidencia ainda como pequenos sectores se apropriaram do Estado e desviaram para proveito próprio aquilo que era bem comum. O que temos visto no combate ao défice, contudo, é punir aqueles que não são responsáveis pelas contas públicas, os contribuintes, os funcionários públicos, os cidadãos em geral.
Esta orientação da política portuguesa fundada na protecção da corrupção e no ataque aos cidadãos prenuncia o fim do actual regime. Se repararmos no que tem sido a política deste governo, descobrimos que nada de essencial tem sido feito para enfrentar o grave problema da corrupção. Não é diferente dos anteriores. A estreita ligação entre os interesses particulares que colonizaram o Estado e o mundo dos partidos políticos do arco governativo parece ser inamovível. A paciência que, com o habitual despudor, Passos Coelho elogiou nos portugueses pode ser apenas a terrível bonança que antecede as grandes tempestades. Há um momento em que o insuportável deixa mesmo de ser possível suportar.
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