Mario Sironi - Solitudine (1925-26)
Será a solidão um peso tão grande que parece insuportável? Mas antes de ser uma questão psicológica, a solidão é uma questão social. Construímos uma sociedade e educámos gerações e gerações no terror de estarem sós. Mesmo hoje em dia, quando muitas crianças e jovens, fundamentalmente rapazes, parecem encerrados em si mesmos, incapazes de adquirir as competências mínimas de interacção social, é ainda a fuga à solidão que os atira para o mundo virtual dos jogos e das redes sociais, onde desenvolvem companhias imaginárias. A solidão é um elemento essencial na formação de uma personalidade equilibrada. É na solidão que nos confrontamos connosco, é solitariamente que procedemos ao exame da nossa vida e deparamos com o mistério de estar vivo. O medo da solidão, medo que empurra muitos para companhias sonhadas como exercício de compensação, é um sintoma da doença que atinge a nossa sociedade: incapazes de olhar para si mesmos, incapazes de enfrentar aquilo que o silêncio lhes pode dizer e ensinar, os homens contemporâneos vivem, paradoxalmente, entre o terror de estar sós e uma solidão alienada em mundos virtuais. Mas se alguém quiser conferir sentido à sua vida terá de defrontar-se com a sua solidão, aquela que o constituiu ao nascer e que estará presente no momento em que deixar a Terra. A solidão não é um mal, mas a nossa condição ontológica.
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