Giotto di Bondone - La Estupidez (1302 - 1305)
Segundo o ministro das Finanças, o tão incensado - aquela estrela da burocracia de Bruxelas que iluminava o céu de tanta gente - Vítor Gaspar, o défice orçamental está em vias de derrapar. As receitas fiscais caíram. Gaspar fala com candura e inocência tocantes, como se não tivesse responsabilidade no descalabro a que se está a chegar. Cego pela ideologia, nunca prestou a mínima atenção aos economistas que evidenciavam os efeitos deletérios das políticas do governo. Não foi apenas o resgate assinado com a troika - essa nova santíssima trindade -, foi também o desiderato de ir mais e mais longe, foi todo um programa, por certo muito apreciado em Berlim, de destruição da economia portuguesa (não bastava aquela que Cavaco tinha iniciado nos tempos de entrada para a CEE).
Perante o descalabro da política seguida, já percebemos qual vai ser a receita. Passos Coelho diz que é cedo para falar em medidas de austeridade. Isto significa que não tardará que novas medidas de austeridade caiam sobre os portugueses. Por experiência, sabemos todos, menos Gaspar, Coelho e os adeptos da seita, qual vai ser o resultado. Piorar mais e mais a frágil situação em que nos encontramos.
Há limites para a estupidez. Não, não estou a dizer que estes governantes são estúpidos. Não, eles apenas têm um programa ideológico e obedecem, com prazer e satisfação, aos interesses que servem. Mas há limites para fazer de nós estúpidos. Por muito que custe aos adeptos da congregação que nos governa, só há uma coisa a dizer perante os resultados: Coelho e Gaspar são incompetentes. Não sabem do que falam e não conseguem determinar as consequências das políticas que conduzem. Se Passos Coelho e Vítor Gaspar fossem treinadores de futebol - pois estamos em maré de eurofutebol - já tinham sido despedidos. A equipa estaria a caminho da divisão inferior e, para desespero dos adeptos, os jogadores apenas saberiam - foi isso que os treinadores prepararam - meter golos na própria baliza. Há limites para a estupidez, é bom que aqueles que nos governam pensem sobre isso e parem de tratar os portugueses como um bando de estúpidos.
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