Juan Botas - School (1989)
Os bons resultados de Matemática dos alunos portugueses do 4º ano, no
TIMSS (um estudo internacional comparativo sobre o desempenho escolar em
Matemática e Ciências) de 2015, acabam por sufragar as políticas educativas na
área da Matemática que, desde a primeira participação portuguesa nesses estudos,
em 1995, têm sido desenvolvidas. Antes de falar delas, chama-se a atenção para
o facto de Portugal ter, em 2015, atingido a 13.ª posição e ultrapassado mesmo
a Finlândia, um país de referência na Europa, no sector da educação. Note-se no entanto que Portugal, como a generalidade dos países ocidentais, estão ainda longe dos desempenhos dos países asiáticos. Note-se, por outro lado, que este aumento do desempenho da Matemático foi acompanhado por uma queda no domínio das Ciências.
Há agora uma grande disputa sobre os méritos políticos deste
desempenho. Mais importante do que essa disputa entre PS e PSD é salientar três
aspectos centrais que me parecem decisivos para esta contínua melhoria dos
resultados. Em primeiro lugar, o aumento da carga horária dedicada à Matemática,
que permitiu mais tempo de contacto dos alunos com uma linguagem abstracta e
muito desligada das preocupações do quotidiano. Em segundo lugar, o Plano
Nacional da Matemática, que generalizou novas práticas de ensino da disciplina
e permitiu fortalecer o corpo docente. Por fim, os efémeros exames nacionais do
1.º ciclo, que criaram, em muitas escolas, um efectivo espírito de colaboração
entre professores, alunos e pais com vista a assegurar um bom desempenho dos
alunos, através de aprendizagens consistentes, na avaliação externa.
É lamentável que os exames nacionais no 1.º e 2.º ciclos de
escolaridade, em vez de terem sido alargados a outras disciplinas, tenham sido,
por este governo, eliminados. Eram um factor de mobilização importante, embora
outros factores, como a formação de professores sejam tão ou mais decisivos que
os exames. Seja como for, o país poderia aprender um pouco com este sucesso –
esperemos que não seja um mero relâmpago – da Matemática no 1.º ciclo. Aprender
o quê? Em primeiro lugar, que as transformações exigem tempo. Do miserável
penúltimo lugar no TIMSS de 1995 ao actual 13.º demoraram 20 anos. Para haver
frutos é necessário tempo e persistência. Em segundo lugar, que é preciso
exigir e avaliar resultados. Sem essa pressão, os actores não sentem a
obrigação de se superar. Persistência no tempo e um ideal de superação. É isso
que o país precisa.
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