terça-feira, 14 de maio de 2013

Mulheres de conforto

Frank Frazetta - Geisha (1983)

Um dos sintomas mais assustadores dos nossos dias é a perda das inibições resultantes das II Guerra Mundial. Não é só a Alemanha que esqueceu o mal que provocou ao mundo e retoma, agora através de diktat económico, a velha arrogância. Também no Japão se sentem os odores do velho nacionalismo imperial. Toru Hashimoto, presidente da Câmara de Osaka e um dos líderes do emergente Partido Nacionalista da Restauração, veio justificar o uso, no conflito de 1939-45 e em territórios ocupados pelos japoneses, de mulheres chinesas, coreanas, filipinas, indonésias e de Taiwan como escravas sexuais. Segundo Hashimoto "Para soldados que arriscaram a vida quando as balas caíam como chuva, de modo a terem algum descanso era necessário arranjar uma 'mulher de conforto'. Isto está claro para todo mundo." Para além do desprezo pelos direitos dessas mulheres e pela sua memória, há no discurso de Hashimoto uma clara provocação à China e à Coreia do Sul. Não é só na velha Europa que a globalização está a fazer crescer a hidra do nacionalismo. Veremos se as mulheres de conforto não serão um peça importante numa futura situação de profundo desconforto. A memória dos homens é curta e a estupidez parece estar democraticamente distribuída por todo o mundo.

2 comentários:

  1. Um verdadeiro "eixo do mal" para as mulheres...dos outros.
    Seria curioso ver estas "velhas arrogâncias" a enfrentar de novo e sozinhas as antigas vítimas, apesar do resultado ser previsível: A Alemanha afogava-se em cerveja e depois dava um tiro na cabeça, já o Japão embebedava-se com saké e a seguir fazia harakiri.

    Um abraço

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    1. Estas velhas arrogâncias são sintomas e fazem lembrar o velho filme do Bergman, O Ovo da Serpente.

      Abraço

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