terça-feira, 7 de maio de 2013

Poema 63 - Não imagino do mar a profundidade

Caspar David Friedrich - Mar à luz da lua (1835-36)

63. Não imagino do mar a profundidade

Não imagino do mar a profundidade,
nem sei o silêncio transportado pelas vagas,
ou o negro buraco informe no seio das águas.
Não creio em histórias de náufragos,
nem trago no coração o rosto de uma sereia,
ou tremo se Poseídon passa irado.

Amo do mar o secreto silêncio da madrugada
e o horizonte longínquo dado ao olhar.
Canto-lhe canções se me traz algas
e me deixa cravar os pés na areia molhada.
Escuto-lhe o murmúrio se vibra saudoso
e espero que a lua o cubra no frio da noite.

Entre mim e o mar estão os teus olhos
e entro neles para lentamente navegar,
como se o teu corpo fosse um rio de seda azul
e o meu desejo um barco ocioso
que sob o luar escuta um feroz chamamento
e deixa a alma correr ébria para desaguar.

2 comentários:

  1. Porque será que o mar só nos revela os segredos quando Neptuno permite?
    Mais um belo poema.

    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Neptuno é um deus caprichoso e irado. Muito obrigado.

      Abraço

      Eliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.