quinta-feira, 2 de maio de 2013

Poema 62 - A montanha irrompe pelos céus

Caspar David Friedrich - Mountain Landscape (1804-5)

62. A montanha irrompe pelos céus

A montanha irrompe pelos céus,
rasga a cortina 
e deixa os deuses vir
sobre a terra branca e cansada.

Névoas de seda e caminhos de musgo,
o súbito pulsar da noite,
árvores presas nas raízes,
um grito que dilacera a manhã.

Subo contigo a montanha
e espero o voo do pássaro,
a vertigem que faz tremer a vida
e abre os olhos para a verdade.

Trémulo, anseio o cume,
e entre fetos e silvas
arrasto o corpo lacerado,
a fogueira que arde no coração.

8 comentários:

  1. Belíssimo!
    E que melhor lugar do que as nuvens para nos cruzarmos com os deuses, mesmo que nos doa?

    Abraço (sob um céu sem nuvens)

    ResponderEliminar
  2. A mitologia nórdica não é o meu forte e o salão de Odin com as suas Valquirias, assusta um bocadinho.

    Abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Assustar, ela assusta. Os descendentes dos vikinks, contudo, adaptaram-se bem.

      Abraço

      Eliminar
  3. Que poema tão bonito.

    Vinda de uns dias no meio de montanhas cobertas de fetos e musgo e agora aqui, in heaven, de frente para uma Serra tão ampla, tão clara, ouvindo de manhã à noite o canto inocente dos pássaros, não posso deixar de ficar encantada com as suas límpidas palavras.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigado, UJM. A montanha é um lugar propício, tanto para estar como para escrever sobre ela.

      Eliminar
  4. A montanha nunca se ultrapassa se apenas a contemplarmos, por vezes impõe.se abandona-la.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Por vezes, a montanha torna-se insuportável ara os seres humanos.

      Eliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.