Arnold Böcklin - Floresta sagrada (1882)
65. Atravesso contigo a floresta sagrada
Atravesso contigo a floresta sagrada
e deposito no altar as piedosas oferendas,
rosas trazidas nas mãos,
a recordação da última primavera,
o primeiro sonho de uma noite de verão.
Sinto o crepitar das folhas mortas
e oiço, entrecortada, a tua respiração.
Recolho-me em cada sombra
e aspiro o hálito das bagas silvestres
que em sobressalto de ti se desprende.
A luz fugidia ilumina o caminho,
traça mapas de trevas sobre a terra,
enquanto, ao longe, se ouvem os lobos,
e pássaros errantes voam
na densa vertigem do meu coração.
Recolho os vestígios deixados pelos deuses
e entoo um cântico matinal.
Despido, sinto o corpo perdido no teu,
túnica silenciosa entreaberta,
o secreto desejo onde o amor se recolheu.
Um passei da memória e o sagrado pudor do erotismo.
ResponderEliminarBelíssimo.
Abraço
Muito obrigado, caro JRD:
EliminarAbraço