sexta-feira, 9 de março de 2012

Poema 28 - A súbita claridade da manhã


A súbita claridade da manhã,
O ócio de um sol impenitente,
Os dias seguindo-se aos dias,
Essa alucinação vinda da infância.

A dança do teu coração vem,
Rumor de cinza, sombra de orvalho,
O desejo de morrer nos dias
Em que o sol te lembra os meus braços.

Nas ruas fermenta a solidão,
As árvores lêvedas inclinam-se
E rasgam avenidas de sombra.

Esperam que a manhã desagúe
No mar imenso das tuas mãos,
Suadas, água e ânsia nocturnas.

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