domingo, 18 de março de 2012

Poema 30 - Como este tempo prefigura a ruína


Como este tempo prefigura a ruína,
O esquecimento em que cairá o corpo.
O jugo pesado da terra esconde
Pedras, flores, promessas deserdadas pelo futuro.

Das estações do ano não haverá sinal
Nem da música amada restará fragmento.
Escutarão o silvo das aeronaves
No silêncio onde o terrível ganha forma.

Revolvem-se as vísceras na luz tardia.
Paradas, as águas do rio apodrecem,
Sangue do meu sangue na carne em declínio.

Quando a peregrinação encontra fim,
Ouvem-se sinos a ecoar na montanha.
Um cisne canta e no céu triste voa o corvo.

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