sábado, 24 de março de 2012

Poema 32 - O céu de azeviche e esquecimento


O céu de azeviche e esquecimento,
Pobre animal degolado na noite,
Cresce, polvilha o horizonte de estrelas,
Ateia-se no rumor da lua.

Os deuses abandonaram-me,
Proibiram-me os jardins e as fontes,
Cerziram-me as pálpebras: Que da vida
Perdesse sentido e do caminho, oriente.

O velho frecheiro desviou o arco.
Seco coração, deserto e cinza, cala-te,
Sombra rasgada na brancura da parede.

Cansei-me dos salmos da melancolia,
Cansei-me dos frutos do pensamento,
Cansei-me das noites ardidas de azul.

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