quarta-feira, 21 de março de 2012

Poema 31 - Não fora a floresta onde te perdi


Não fora a floresta onde te perdi,
A luz transviada pelo medo,
E a solidão cantaria na orla da estrada;
Sombria sombra haveria de ti.

Procuro-te em lugar nenhum,
Nas águas translúcidas presas no sol,
Na boca inocente de um animal
Da vida libertado pela madrugada.

Não pertenço a estirpe alguma,
A genealogia não me recomenda.
Sou um lobo que aguarda a hora

E dorme sobre cama de pedras.
Espero que venhas de mãos vermelhas
E me leves para o silêncio da toca.

2 comentários:

  1. Belíssimo! Incluindo a evocação ao Capuchinho Vermelho, a mim pelo menos a imagem surgiu-me imediatamente. Lobos solitários, mãos vermelhas, sangue, silêncio da toca.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigado, Maria. Depois de o escrever, ao lê-lo pela primeira vez, também essa associação veio ao meu espírito. Mas é uma associação de leitor e não de escritor. Este é cego para aquilo que vem na linguagem.

      Eliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.