Comprei a edição completa, julgo, dos trabalhos do GAC Vozes na Luta. Tenho ainda os LP's originais bem como a cassete, também original, do A cantiga é uma arma, um autêntico programa. Comprei por uma espécie de tributo ao que fui no passado. Para dizer a verdade, porém, acho tudo aquilo absolutamente insuportável. Não me refiro à música, muita dela, no âmbito da música popular a que pertence, de excelente qualidade, feita por pessoas de talento. Refiro-me às letras, verdadeiros panfletos de péssimo gosto. Que cegueira seria a minha e a de muitos como eu para dar qualquer crédito àquele tipo de coisas? O meu problema nem sequer é político mas estético. Há textos de um insuportável mau gosto. Da minha parte, não se trata de renegar o passado ou escondê-lo, nunca o fiz. Trata-se mais de um exercício de desconfiança sobre a minha pessoa. Será possível confiar em alguém que na flor da sua juventude gostava de coisas como as cantadas pelo GAC Vozes na Luta? De que patologia era a minha pobre alma presa? Agora que tenho toda a obra em CD, vou arrumá-la na estante e esperar que chegue a hora, se chegar, em que o meu estado de senilidade me permita tornar a ouvi-la. O que falta saber, contudo, é se as minhas actuais inclinações estéticas serão muito melhores que as de outrora.
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