A ideia de progresso moral da humanidade teve larga fortuna no século XVIII. Kant foi o principal pensador a tematizar, na sua filosofia prática, a ideia de progresso moral. Foi sobre essa ideia que o mundo ocidental construiu muitos dos seus actuais valores. No entanto, o século XX lançou um negro véu sobre a pretensão iluminista de um progresso moral da humanidade. Os totalitarismos, as bombas atómicas lançadas no Japão, os campo de concentração de diversas cores e sabores criaram um clima pessimista relativamente a essa ideia. Contudo, como poderemos classificar a abolição das penas de morte por lapidação bem como o banimento da pena de morte para menores no Irão (Público)? Estas duas decisões, por ínfimas que nos pareçam, representam um progresso moral. A ideia de progresso implica a de um caminho a fazer e também a de valores universais para os quais se caminha. Talvez este gesto do Irão, bem como as revoluções ocorridas o ano transacto no mundo árabe, indiquem um caminho, de tonalidade muçulmana, para esses valores universais. Os valores são universais, mas os caminhos que conduzem a essa universalidade são sempre particulares. Foi assim no mundo judaico-cristão, deverá ser assim no mundo globalizado. Não seria má ideia recuperar, entre nós, o prestígio da ideia de progresso moral da humanidade. Não para a impormos aos outros, mas para termos um ponto de referência que oriente a discussão ética e a vida moral no Ocidente.
Esta decisão só peca por tardia.
ResponderEliminarEsperemos que seja para cumprir.
Não obstante, ainda há muito por fazer.