A China e a Rússia vetaram uma proposta de resolução, na ONU, contra a Síria. Dramatizar este voto, vê-lo apenas como uma espécie de simpatia pelo regime de Damasco é um exercício inútil e perigoso. Os chineses e os russos não estão particularmente interessados com o destino de Assad, mas com os seus próprios interesses geo-estratégicos. A condenação da tirania de Assad levanta sempre o véu para outras condenações, e a China e a Rússia não são exemplos de regimes livre e democráticos. Mas mais que a protecção à distância dos regimes próprios, a Rússia e a China há muito que usam o mundo muçulmano como forma de conter e perturbar o Ocidente. Não é que a Rússia e a China pretendam ver o Islão reforçado, o que seria um problema enorme para ambos os países. A questão é que o Islão deve funcionar como uma espécie de ameaça latente sobre o Ocidente, para que este se confine, cada vez mais, ao seu lugar natural. Que centenas pessoas morram às mãos de Assad é uma coisa irrelevante. Mas é preciso recordar que não foram os actuais regimes chinês e russo que inventaram a realpotik. Ele sempre existiu, e nós ocidentais sempre a praticámos sem qualquer tipo de vergonha. O veto é apenas uma questão de relação de forças. O mundo é o que é.
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