terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Poema 19 - O riso na noite sem fundo


O riso na noite sem fundo
Cresce nas portas da primavera.
Triste animal preso ao mundo,
Olho da janela coberta de hera.

Que palavra dirá das coisas o ser?
O silêncio que me fazem escutar
Ergue-se como a dor que hei-de sofrer,
Ao fugir da terra para o mar.

E de tudo o que é nada saberei,
Nem das coisas conheço a lei.
Vazio, caminho perdido na floresta,

Lobo solitário olhando o que resta.
Numa mão, o que acreditei um dia;
Na outra, o medo; em mim havia.

1 comentário:

  1. Mais um belíssimo soneto imperfeito, digno de uma Winterreise. Talvez o Emmanuel Nunes o queira pôr em música. Contudo, há algo que poderia ser aperfeiçoado ainda, mas que sei eu? Aprecio particularmente a frase a seguir ao ponto e vírgula, no último terceto: em mim havia.

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