O riso na
noite sem fundo
Cresce nas portas
da primavera.
Triste
animal preso ao mundo,
Olho da
janela coberta de hera.
Que palavra
dirá das coisas o ser?
O silêncio
que me fazem escutar
Ergue-se como
a dor que hei-de sofrer,
Ao fugir da
terra para o mar.
E de tudo o
que é nada saberei,
Nem das coisas
conheço a lei.
Vazio,
caminho perdido na floresta,
Lobo
solitário olhando o que resta.
Numa mão, o
que acreditei um dia;
Na outra, o
medo; em mim havia.
Mais um belíssimo soneto imperfeito, digno de uma Winterreise. Talvez o Emmanuel Nunes o queira pôr em música. Contudo, há algo que poderia ser aperfeiçoado ainda, mas que sei eu? Aprecio particularmente a frase a seguir ao ponto e vírgula, no último terceto: em mim havia.
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