quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Uma compulsão ocidental


O senhor Khadafi não era flor que se cheirasse, mas a Primavera líbia está muito longe da revolta tunisina ou da egípcia. Na Líbia não existia um Estado propriamente dito, com os seus aparelhos de exercício do poder. O que a intervenção estrangeira fez foi lançar o país na maior confusão e insegurança possíveis. Democratizou a violação dos direitos humanos (Público). No tempo de Khadafi a violação era exercida por um, hoje são centenas de milícias armadas e à solta que espalham a arbitrariedade e o terror entre a desgraçada população. A intervenção ocidental, nomeadamente a de países europeus, foi absolutamente indecorosa. A política não se confunde com a moral, mas a multiplicação de actos imorais acaba por escavar a legitimidade política das nações ocidentais. É evidente que havia interesses económicos e que havia que limpar as barreiras que se poderiam opor ao mercado. Sempre que cheira a mercado as elites políticas ocidentais salivam, mesmo que isso seja uma tragédia para os povos libertados dos ditadores e que, amanhã, se volte contra o próprio Ocidente. Uma compulsão ocidental.

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