A estratégia da União Europeia, fundada no puritanismo protestante, está a conduzir a Grécia para um beco cuja saída não me parece nada simpática. A violência em Atenas não preludia nada de bom. Não teria sido mais eficaz uma abordagem mais moderada do problema das dívidas soberanas? Algumas narrativas, certamente influenciadas pelo puritanismo e farisaísmo liberais, apontam para os povos dos países endividados como os grandes culpados da situação. Esquecem, porém, duas coisas. A primeira, que a crise das dívidas soberanas estalou na sequência da crise do subprime. Há mesmo economistas que defendem que ela foi sobreaquecida para ocultar a do subprime. A segunda, que os próprios credores durante muito tempo participaram activamente na sedução daqueles que depois vieram a acusar, sabendo de antemão a situação em que se encontravam os respectivos países. Jogaram à roleta russa. Pode ser que lhes saia a bala. Independentemente das culpas, podemos estar a assistir a um momento em que algo de decisivo pode acontecer, mas ser algo de decisivo não quer dizer que seja bom. Mas mais uma vez, a União Europeia está a jogar na roleta russa. São de temer os tempos em que pessoas moderadas (as que defendem o nada em excesso e a justa medida dos antigos gregos) já não encontram lugar no espaço político.
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