quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Poema 24 - Quarta-feira de Cinzas


As flores trazidas pela manhã secaram.
São agora uma antecipação de cinza,
O restolho que cobre a face,
A breve memória de um jardim.

Não há nelas o sortilégio da música,
Nem o aveludado de uma pele,
Que se guarda na memória
A vida inteira.

Do perfume que a terra lhes deu,
A casa não reteve vestígio.
Ao júbilo sucede a nostalgia,

E depois chega a hora do vento,
E tudo se desvanece,
Quando o lobo crocita na madrugada.

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